Cultura
O tipo de literatura consumida(ou não)no Brasil
Número de leitores no país aumenta após anos de redução
Anna Júlia Salgado Arantes

Foto: Reprodução
No ano de 2020, foi divulgada a quinta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada do período entre 2015 a 2019, que apontou de 4% no consumo no literário em comparação a pesquisa anterior, feita entre 2009 a 2014. Durante o período da pandemia de Covid-19 em 2021, aconteceu uma mudança no consumo literário no país, com uma venda de cerca de 40 milhões de exemplares, 39% a mais que o ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros(Snel).
O aumento significativo trouxe consigo uma mudança na ideia de quais os tipos de livros estão sendo consumidos e como isso ocorre. De acordo com dados da Agência Brasil, o consumo pode ser visto como mais democrático, considerando que o acesso deixou de ser restrito apenas às livrarias e às bibliotecas, circulando também os meios digitais. A partir dos mesmos dados, gêneros como a ficção ganharam destaque dentre os mais consumidos divergindo da literatura erudita fortemente valorizada.
Luana Borges, professora, mestre em Literatura e doutora em Comunicação pela Universidade Federal de Goiás diz “Ler é válido. Esse tipo de leitura(a não considera erudita) pode ser uma porta de entrada para outras leituras...lendo a partir de sua realidade, do que sente, do que sonha” e assim ressalta importância do consumo da literatura, não fazendo a distinção do que é digno ou não de ser lido.
Outro ponto ressaltado, é sobre o engajamento em grupo do consumo a partir dessas leituras não canônicas, ou seja, um leitor cria uma teia e influí para a criação de novos leitores. “A partir dessas leituras, se formam leitores e se forma uma pessoa apta a receber bem outros tipos de leitura”.
E em último momento, Luana Borges, propõe uma reflexão para que a leitura seja mais integrada à sociedade brasileira “A gente estimula a leitura da contemporaneidade e quando a pessoa estiver integrada, traçamos um paralelo com autores como Machado de Assis. Não acho que exista uma dicotomia entre Machado de Assis e a literatura “farofa”. Acho que pode existir um diálogo”, finaliza.