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Economia

“Estilo sebo” mantém livrarias anapolinas em funcionamento

Livraria Marília passa a atender em local maior trabalhando apenas com itens usados

Natália Sezil

(1) Livraria Cultural tem estante replet

Livraria Cultural tem estante composta exclusivamente por livros seminovos. | Foto: Agência Moara, Natália Sezil, 2023.

Devido às dificuldades impostas pelas editoras brasileiras ao longo dos últimos anos (como a adoção de apostilas pelos colégios e a pequena margem de lucro na venda de livros novos), livrarias em Anápolis têm modificado seu foco e intensificado a venda de livros usados e de artigos não literários.

Fundada em Anápolis há meio século, a Livraria Marília tem um histórico de três localizações anteriores, passando a ocupar, na terceira semana de maio, um novo ponto na cidade, agora com mais espaço para abrigar todos os livros e discos seminovos.

O novo espaço do comércio está localizado na esquina entre a Avenida Goiás e a rua Quintino Bocaiúva, número 1126, no Setor Central.

Alonso Lopes, fundador da livraria e dono desde a década de 1970, relata que já trabalhou com livros novos, mas que hoje opta exclusivamente pelos usados. Essa decisão, que não é única do comerciante, já se tornou tendência no setor livreiro de Anápolis.

Adevenir do Carmo e José Eustáquio são sócios na Livraria Cultural. Com o negócio em funcionamento há 23 anos, Adevenir afirma que já trabalharam majoritariamente com livros novos, mas que 50% do estoque atual já é de usados.

O número é uma resposta à adoção de apostilas pela rede privada de escolas de Anápolis, que as compra diretamente das editoras. Um processo de anos, isso tem reduzido a atuação das livrarias e afetado seus rendimentos.

(2)  Venda de CDs complementa o comércio

Venda de CDs complementa o comércio em livrarias há mais de uma década. | Foto: Agência Moara, Natália Sezil, 2023.

Os co-proprietários declaram que a adoção de apostilas demandou uma reestruturação dos produtos ofertados, e que, por isso, pensaram novas mercadorias. Adevenir atesta: “Tivemos que ter um plano B e recriar, mudando um pouco nosso foco”. Há mais de duas décadas com a venda de LPs e CDs, a livraria já experimentou a comercialização de camisetas, DVDs e gibis. “Atualmente, nossa nova mercadoria são os bonecos de ação e as miniaturas”, que, segundo Adevenir, têm feito sucesso entre jovens e adultos.

As decisões tomadas pelas editoras não afetaram apenas as livrarias. Sirgilei de Souza, gerente da papelaria Bom Jesus, explica que os livros didáticos já foram um produto viável, mas que seu rendimento diminuiu conforme aumentaram as dificuldades impostas.

Ele destaca alguns aspectos determinantes: o deslocamento constante para transporte dos livros, a dificuldade na troca de envios errados e a pequena margem de lucro. O último fator também é mencionado por Alonso: “A margem de lucro [dos livros novos] é menor, o prejuízo é maior. E os livros escolares mudam muito”.

 

Frente aos obstáculos, representantes das papelarias anapolinas tentaram se reunir com representantes das editoras em Goiânia, mas não obtiveram sucesso. Com isso, os livros deixaram o estoque papeleiro de Anápolis.

As estatísticas

A edição mais recente do levantamento Retratos da Leitura no Brasil, realizada na Capital goiana em 2019 pelo Instituto Pró-Livro (IPL), atesta: 42% dos entrevistados goianienses são leitores, ou seja, “leram (inteiro ou em partes) pelo menos um livro nos 3 meses anteriores à pesquisa.

 

Quando se pergunta quem comprou um livro no trimestre anterior, a porcentagem diminui: apenas um quinto (20%) das pessoas. E, destas, somente 44% teriam adquirido os produtos diretamente de livrarias físicas. 

Embora se trate de um estudo de Goiânia, a consulta também se estende à sua região metropolitana, da qual Anápolis participa. As livrarias acabam por dividir espaço, principalmente, com as bancas de jornal e as plataformas online.

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