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Por Jordana Barbosa

Alline Flores 

Como me tornei rica

 

1500, mil e quinhentos reais. Essa e minha cifra preferida. A vejo todo começo de mês e o impressionante é como todo mês a reação é diferente. Existe mês em que tenho vontade de chorar só de pensar na quantidade de contas a pagar e outros meses que é puro “faz-me rir”. Mas no final das contas dinheiro na mão sempre é vendaval.

 

Você deve estar achando que sou louca por contar e cantar vantagem por ter 1500 por mês. Entrei na universidade e tive muitas bolsas, como a permanência, a de extensão, de pesquisa e todas elas enchiam meus bolsos com 300 gordos reais. Como diz um amigo “eu fazia miséria” com esse dinheiro. Viajei para a Argentina e para o Uruguai recebendo um quinto do que recebo hoje.

 

O fato de eu ser pão-dura ajuda muito em toda essa história milionária. Tive dois “empregos” depois dessas bolsas com salários de 500 e 750. Era bom ter o dobro de dinheiro, mas dificultava meu desempenho no curso. E ainda fiz um estágio com um soldo de 600, larguei esse lugar para terminar minha monografia e tentar um mestrado. Tentei e consegui o bendito.

 

Três meses depois de começar as aulas e eu a quase seis meses sem um centavo no bolso, fui selecionada para ser bolsista. E adivinhem? Minha primeira bolsa foi de MIL E QUINHENTOS REAIS! Meu Deus, quanto dinheiro! A primeira coisa que pensei foi: o que será que dá para fazer com todo esse dinheiro? Dava para pagar minhas contas atrasadas e desbloquear meu cartão de crédito. No segundo mês mais mil e quinhentos, dava para eu ir na feira hippie e comprar roupa para usar a vida inteira. Eu não estou exagerando.

 

Poder sai do banco com 1500 reais e não ter que contar moedinhas para pagar seu lanche de três reais (as vezes até ficar sem o lanchinho por ter só 2,50) é uma das melhores sensações que pude ter. passei dois anos tão rica que até poupança eu fiz, viajei para o Nordeste e para a Bolívia, adquiri aparelhos eletrônicos e pasmem, comprei até um smartphone. Mas não poderia deixar de ostentar tanto com tanto dinheiro caindo em minha conta todo mês por dois anos.

 

E agora, o momento mais cruel e sofrível possível: minha bolsa acaba em dois meses. O que eu farei sem minha fortuna? Não me venham com papo burguês de procure um emprego, estou de luto pelo meu dinheiro e nos próximos dois meses apenas chorarei.

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Jordana Barbosa

 

Mestranda em Antropologia e graduada em Jornalismo, Jordana..

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