Igualdades
EcomAmor: Instituto realiza roda de conversa unindo feminismo e sustentabilidade
O debate ressaltou como as agricultoras, apesar de serem as que mais contribuem na renda familiar com a venda de produtos artesanais, ainda assim, não obtêm a mesma valorização que o homem agricultor
Anna Júlia Salgado, Anna Paulla Alves e Fernanda Queiroz
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Fernanda Queiroz. Bárbara Lopes, diretora de invenções, representando o Instituto EcomAmor.
Na última quarta-feira (17), o Instituto EcomAmor compareceu à Feira Agro Centro-Oeste Familiar, evento realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), cujo objetivo é assegurar espaço, voz e oportunidades para agricultores familiares da região goiana. Com a temática “Agroecologia e educação: protagonismo feminino para a criação de comunidades sustentáveis”, organizado pelo instituto, a diretoria do projeto, formada por Jordana Mendonça, Bárbara Lopes e Nina Porto, debateram, junto com suas convidadas – todas mulheres – sobre o protagonismo feminino para a criação de comunidades sustentáveis dentro do meio agroecológico e educacional.
Pautas como o machismo no meio agrícola, a visibilidade e reconhecimento da mulher nesse espaço, políticas públicas, retomada de vínculo com a terra e a relação da comida afetiva no contexto “Mais comida, menos agrotóxicos” – slogan da edição do Agro Centro-Oeste Familiar desse ano – foram discutidas cautelosamente.
Durante a discussão, a pauta “representatividade política” obteve destaque entre as participantes, principalmente após a menção da Bancada Ruralista, que é uma frente parlamentar, composta majoritariamente por homens, que defendem os interesses dos proprietários rurais. “A agroecologia não existe sem o feminismo”, esta foi a frase proferida pela participante Ludmilla Luciano, engenheira agrônoma formada pela UFG e pós-graduada em agroecologia, enquanto discutiam a forma como a Bancada Ruralista promove políticas públicas que prejudicam a agricultura familiar.
Além disso, também foi levantada a forma como as mulheres, geralmente, são aquelas que trazem para casa a maior parte da renda familiar com a venda de produtos artesanais (queijos, doces, etc) e, ainda assim, não obtêm a mesma valorização que o homem agricultor.
Através desta roda de conversa e da conscientização desenvolvida por ela, é essencial ressaltar a necessidade de políticas públicas voltadas à agricultura familiar, que promovam uma produção sem químicos e sem venenos, boas relações sociais e, claro, exalte o protagonismo feminino nestas comunidades. No entanto, para que esta representatividade ocorra, é necessário que haja a eleição de parlamentares, principalmente de mulheres, que se preocupem e defendam esta causa.
Ao longo dos debates desenvolvidos na roda de conversa, como já anteriormente citado, a questão parlamentar foi levantada. “Somos um país de sem terras, comandados por uma bancada ruralistas”, esta frase dita por uma das participantes elucida com muita clareza questões atreladas a lugares de ocupação, não somente da comunidade trabalhadora, mas também da ocupação feminina em cargos importantes, que em ambos os casos se faz ausente. As reflexões feitas durante o diálogo visavam a busca da melhoria deste cenário a partir da tomada destas posições. Diante disso, questões classistas, machistas e racistas que resultam na falta de representatividade em cargos de poder diz respeito a uma continuidade do cenário em debate, ao se observar que o mesmo ainda está concentrado nas mãos das mesmas pessoas desde a conquista do Brasil.