Saúde
Falta de informação sobre a doação de órgãos reflete na longa fila de transplantes
O evento Agro Centro-Oeste Familiar realizado na Universidade Federal de Goiás (UFG) promove palestra com a enfermeira Katiúscia Freitas a respeito dos mitos e verdades da doação de órgãos
Bianca Moreira Ribeiro, Geovana Gonçalves de Oliveira e Gustavo Martins Alves.

Katiúscia Freitas ministra palestra sobre doação de órgãos (Foto: Bianca Moreira Ribeiro)
Do dia 17 ao dia 20 de maio, ocorreu a vigésima edição da feira Agro Centro - Oeste Familiar, com o tema "Mais Comida, Menos Agrotóxico" reunindo diversas famílias da agricultura familiar, comidas típicas do interior de Goiás, artesanatos e muitas outras variedades de produtos.
Entre outras palestras na área da saúde, uma delas foi a ministrada pela Katiúscia Freitas, gerente da Central Estadual de Transplantes, da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, com 20 anos de profissão na área de enfermagem, e há 7 anos na área de transplantes. Com o tema "Mitos e Verdades na Doação de Órgãos e Transplantes", a enfermeira reforçou a importância da doação de órgãos, mas também de como os mitos e a falta de informações sobre o assunto contribuem para a baixa taxa de doação.
“Então, essas dúvidas a gente sana nessas palestras para mostrar que é um processo sério, que realmente precisamos mudar essa realidade no estado, aumentar o número de famílias que dizem sim para a doação de órgãos”, diz a enfermeira ao ressaltar sobre mitos em torno das ideais: “vão tirar meu órgão eu ainda estando vivo?”, “o corpo vai ficar deformado após a doação”?” ou “o caixão tem que ficar lacrado?”.
A fila atual de transplantes no Brasil possui mais de 52 mil pessoas na espera e 46% das famílias dizem não para a doação de órgãos, de acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS).
A enfermeira também contou sobre como funciona a burocracia para a doação de órgãos e de que existe um processo até o transplante.
“Quando tem um caso de morte encefálica, a pessoa pode ser doadora, a gente pede o prazo de 24 horas porque tem que passar por várias etapas, tanto da seleção de receptores quanto dos exames, até a questão da logística, que é esperar a equipe [de transplante] que está vindo de fora e de outros estados.”
“Tem realmente que ser um processo que vamos validar com parentes de primeiro e segundo grau, ter toda a documentação para que a gente possa fazer dentro dos trâmites legais".
“A gente precisa falar sobre isso e que as pessoas conversem sobre o desejo de ser um doador, para conseguir diminuir essa recusa, aumentar o consentimento e, consequentemente, diminuir a fila de transplante”, finaliza.