A chegada do corona vírus na periferia
Por Ana Júlia Caixeta, Larissa Rocha, Thaline Gomes, Vinicius Souza e Vitória Maria

A situação nas periferias brasileiras sempre foi muito complicada. Diariamente os moradores tinham de lidar com a criminalidade, crises sanitárias e pela falta de apoio por parte dos órgãos governamentais. No início do ano de 2020 quando se iniciou a pandemia da covid-19, os moradores das regiões periféricas encontraram-se desolados, uma vez que o ambiente onde vivem não é o adequado para poder manter o isolamento social.

Realidade da periferia, casas aglomeradas. Imagem: Reprodução/Desidério
Periferia, localidade extremamente descuidada.
Imagem: Reprodução/Desidério
Uma das questões a serem abordadas, está no fato de que as regiões periféricas do Brasil são extremamente pobres, e tendo em vista que um dos cuidados para evitar a propagação da covid-19 é o uso constante de álcool em gel e sempre lavar as mãos com água e sabão, já é perceptível o problema. Boa parte dessas regiões não possuem água encanada e sim fazem uso de cisternas quando não estão secas, outra vertente está no fato dessas pessoas não terem condições de ficarem comprando álcool em gel, uma vez que mal conseguem comprar seus alimentos. Outra questão importante, está no fato de que os moradores precisam trabalhar, visando aqueles que trabalham com reciclagem é perceptível o perigo que essas pessoas correm diariamente. Abenildo Vieira de 53 anos, trabalha fazendo reciclagem segundo ele “apesar de tomar todos os cuidados necessários, sei bem o perigo que enfrento todos os dias, um pequeno deslize e posso ser contaminado, mas deixar de trabalhar pelo menos no momento não é uma opção” relata.

O povo da periferia está morrendo e a sociedade civil, não está fazendo nada. Isso poderia ser evitado se os órgãos governamentais dessem atenção para esse povo. Nas favelas a realidade é essa se contaminados não tem médicos. Devido a esse fato eles ficam em casa, detalhe são casas pequenas e muitas pessoas moram no mesmo cômodo logo ocorre uma reação em cadeia onde um vai contaminando o outro e vidas vão sendo perdidas no percurso.
Trabalhador reciclando. Imagem: Reprodução/Desidério.
Os dados estatísticos de pesquisas mostram que os moradores das periferias brasileiras são mais vulneráveis ao vírus da covid-19. Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura divulgou que a mortalidade do coronavírus é até 10 vezes maior em bairros com piores condições sociais. Essa vulnerabilidade se dá devido a diversos fatores, entre eles: as crises sanitárias enfrentadas por essas comunidades, a criminalidade e a negligência governamental.

Morte na periferia. Imagem: Reprodução/Exame

Voluntários distribuindo máscaras e álcool em gel em uma comunidade em São Paulo. Foto/reprodução: Fantástico.
Além de serem os mais afetados pelo vírus em si, a população preta e periférica também é mais significativamente atingida pelos impactos causados por ele, como o desemprego e a falta de renda. Desse modo, quais seriam as melhores formas de combater a pandemia da covid-19 nas periferias?
Dois jovens estudantes da USP, Larissa Alexandre e Rafael Marques, apreensivos com a situação dessas comunidades, surgiram com ideias para amenizá-la. Dentre as várias propostas elaboradas por eles estão: a produção de vídeos educativos sobre higiene, campanhas de arrecadação financeira para ajudar as famílias mais necessitadas, e a criação de totens de álcool em gel para serem distribuídos nos estabelecimentos comerciais no geral.
Além disso, os estudantes, em parceria com o Instituto Visão Futuro, a Central Única das Favelas (Cufa), São Remo e a Favela 1010, organizaram uma feira solidária na São Remo. Essa feira arrecadou um total de 4,5 toneladas de alimento para mais de 300 famílias.
Ademais, tem se falado muito no corona vírus nos últimos tempos, e tem se esquecido de outras doenças que também matam e estão diariamente em nosso cotidiano em lugares negligenciados pelo resto da sociedade. É necessário olhar um pouco mais para o povo da periferia que diariamente precisa travar batalhas contra todo esse sistema. No cenário atual pelo menos doações de cestas básicas, máscaras e álcool em gel já ajudam a minimizar toda essa situação.

Larissa Alexandre e Rafael Marques.
Foto: arquivo pessoal.
Referências
Desidério. Instagram. Disponível em: <https:// instagram.com/desiderio.fotogra?utm_medium= copy_link>. Acesso em: 07 de jun. de 2021.
FIGUEIREDO, Patrícia. Risco de morrer por Covid-19 em SP é até 10 vezes maior em bairros com pior condição social. G1 São Paulo, 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/04/29/risco-de-morrer-por-covid 19-em-sp-e-ate-10-vezes-maior-em-bairros-com-pior-condicao-social.ghtml>. Acesso em: 09 de jun. de 2021.
Periferia concentra a maior parte das mortes suspeitas em São Paulo. Exame, 2020. Disponível em: <https://exame.com/brasil/periferia-concentra-a-maior-parte-das-mortes-suspeitas-em-sao-paulo/>. Acesso em: 07 de jun. de 2021.
TARASIUK, Karina. Como combater os efeitos da covid-19 na periferia?. Jornal da USP, 2020. Disponível em: <https://jornal.usp.br/universidade/como-combater-os-efeitos-da-covid-19-na periferia/>. Acesso em: 09 de jun. de 2021.