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O campinho e
a cidade arrogante (I)

NJ

    As crianças corriam, alegres e quase cidadãs, atrás da bola. Os adolescentes também. Os adultos, às vezes.
 

   Era um espaço coletivo e comunitário para prática popular do futebol. Campo de terra batida. Campinho de futebol.
 

  Dizem que, há um tempão, seria uma conquista e uma articulação de associação de moradores.
 

   De um lado, a rua Bauru dava garantia. De outro, a Francisco Araújo. No fundo, a Belo Horizonte.

  Mais distante, a Vila Roriz que, vira-e-mexe, tem medo da subida das águas, poluídas, do meia ponte.

  

   Fechando o quadrado, a perversão em pessoa que, para tristeza de quem ama a cidade, atende pelo nome de avenida goiás norte.

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O campinho, quando a prefeitura não o incomodava

   Explica-se. Antes, uma avenida bem contida e charmosa que morria beijando a estação ferroviária. Assim, bem educada.
 

   Depois dela, o setor ferroviário onde viviam trabalhadores/as da estrada de ferro. Aí, tinha, por coincidência, um time muito qualificado, a ferrim.
 

   Um dia, por gula, a avenida, ou seja, pelos interesses do capital e das empresas imobiliárias e construtoras, engoliu parte da cidade e sua gente; E segue engolindo.

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Empurrado alguns metros Goiás abaixo, o terminal deixaria o futebol comunitário em paz

   Cinco metros prá lá e a estação do b.r.t, bem em frente ao ex-carrefour ou do hoje atacadão, deixaria o futebol e a cidade em paz.

   Mas não! Engenheiros e técnicos tratam a cidade como coisa de pouca categoria. Sobretudo os espaços utilizados pela população mais pobre, crianças em especial.
 

   O que era campo virou estacionamento de caminhões e máquinas. As grades, que garantiam o campo e, às vezes, o retorno mais curto da boa, empilhadas.
 

      Assim como empilham nos interesses do capital a engenharia, arquitetura e o urbanismo de plantão. E, de certo modo, a prefeitura mesmo.
 

    O que era gol, não é mais. O que era campo de terra batida, onde batiam a bola, as canelas e a emoção das práticas esportivas populares, na rua e na várzea.

 

    Um modelo de cidade que comeu os campos de terra batida dos criméias leste e oeste, onde pulsavam a vida e os campeonatos de várzea.

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Na outra ponta, em frente ao atacadão, há espaço de sobra para mais terminal

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Vieram as descargas da engenharia e o campinho foi comido

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Pra quê?

    Do terrão no criméia leste, hoje uma praça mal cuidada, brotou o Valdeir, the flash, que passou pelo botafogo, bordeaux (frança), seleção brasileira e mais 12 clubes.
 

   Teodorico dos Santos, tricampeão pelo vila, espraguejava esta cidade que, ao crescer, planta prédios como pombais e praças comendo os campinhos, engolindo os pobres.

   E o serradourada que, para ele, “matou o futebol goiano”. Quem viu o timaço do vilanova entende bem a bronca do Tchê, como era conhecido:

 

“Adilson, Waldemar, Tido, Sérgio e Guaracy; Olacir e Gibrair; Paulinho, Sete Léguas, Artur e Dica”. (De Orizona, salvo engano, Dica se aposentou como servidor da ufg).

     Um time extraordinário que jogava, e vencia sempre, até nos campos de terra. Como o do Urias que a gula e a arrogância oficiais querem enterrar.
 

    Uma gente perversa como a goiás. Só a Borracharia Cipriano espiava, dia e noite, o campinho de terra vermelha e seu alambrado. Como se vigiasse e cuidasse de tudo.

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