Igualdades
Goiás é o estado com mais trabalhadores em condições análogas à escravidão
Segundo Inspeção feita pelo Ministério do Trabalho, Goiás foi o estado com maior número de pessoas em situação análoga à escravidão em 2023, sendo todos os casos em zonas rurais
Thiago Henrique Borges

Lei proíbe que empresas condenadas a trabalho escravo se relacionem com administração pública | Foto: Reprodução de Internet
372. Esse é o número de pessoas que, só neste ano, foram encontradas em situação análoga à escravidão no estado de Goiás. O município com maior número de trabalhadores nessa situação é Itumbiara, onde foram resgatadas 106 pessoas empregadas em situação degradante.
Essa é uma realidade que vem se agravando nos últimos anos. Segundo dados da Inspeção do trabalho, neste século, o ano em que mais se retirou pessoas desta situação em Goiás foi em 2008, quando 867 trabalhadores foram resgatados. De lá para cá, a quantidade foi diminuindo com o tempo. Entre 2015 e 2019, o número de trabalhadores em condições análogas à escravidão ultrapassou a faixa de 100 (cem) apenas uma vez, em 2018.
No entanto, o decréscimo que marcou o período pré-pandêmico não se verifica mais. Desde 2021,o quadro tem se invertido. Naquele ano, o Estado atingiu uma marca que não alcançava há tempos. Desde o ano de 2011, quando 309 trabalhadores foram encontrados vivendo em condições análogas a escravidão, Goiás não ultrapassava o número de 300 trabalhadores em condições de trabalho indignas.
Em 2021, entretanto, esse número foi de 304 trabalhadores. Em 2022, houve uma queda, com 271 pessoas vivendo sob regimes de trabalho degradantes. Já em 2023, houve um aumento substancial, chegando a 372 trabalhadores submetidos a tal exploração.
Combate ao trabalho escravo
O deputado estadual Antônio Gomide, do PT-GO, autor da Lei Estadual nº 21.573 – que proíbe pessoas jurídicas condenadas por trabalho escravo a terem contrato com a administração pública –, disse, em entrevista por telefone, que acredita ser necessária uma mudança de comportamento da população em relação a esse tipo de crime, sendo a sensibilização o ponto mais importante.
Gomide ainda ressaltou que acredita na evolução dos direitos trabalhistas, principalmente por meio da luta conjunta dos trabalhadores. Ele afirma que a definição de planos de carreira para a população é um caminho a ser seguido, para evitar assédios e situações em que o trabalhador é extremamente explorado.